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Destaques

Segredos Ditos à Luz do Crepúsculo

O vento acariciava suas crinas cor-de-avelã enquanto tamboreiavam a terra com seus cascos. Seus olhos sombrios e brutos refletiam o róseo do horizonte, que era interrompido apenas pelo dourado do sol escapando por dentre as nuvens. Dentes-de-leão dançavam ao vento e grudavam em suas pelagens. Não sentiam fragrâncias, pois suas narinas apenas captavam o frio do inverno que se aproximava. Corriam em direção ao que restava de sol. Eram, como é próprio de sua natureza, livres. Distante dali, restava o cavaleiro. O homem portava uma longa barba e utilizava vestes coloridas e suntuosas que, na sociedade dos homens, indicavam uma posição de estima e respeito. Estas, no entanto, estavam gastas, desbotadas e batidas - era evidente que havia muito tempo desde a última vez em que o cavaleiro adentrara os grandes salões que reconheciam o significado dos seus trajes. Salões estes que já haviam deixado a materialidade e residiam agora apenas em memórias e delírios. Sentado aos pés da fogueir...

TALKING HEADS, NEW WAVE, O SONHO AMERICANO E DECEPÇÃO

 



O New Wave é uma vertente do Rock que nasceu no final dos anos 70 da mistura do punk com o glam rock, o rock progressivo, o experimental, uma “porrada” de sintetizadores, muito neon e roupas coloridas.

As bandas, no início desse estilo, carregavam muito da crítica social característica do punk rock britânico, mas com uma abordagem diferente: as críticas são mais sutis, mais elaboradas e menos agressivas, assim como a composição, mais suave graças à influência do R&B e do reggae.

Um dos maiores expoentes do New Wave, com certeza, é o Talking Heads. As músicas da banda de David Byrne, Tina Weymouth, Chris Frantz e Jerry Harrison têm um jeito alegre, por vezes veloz, mas que sempre mantém um pé no estranho e no desconhecido, olhando para temas comuns por ângulos incomuns.

Um ótimo exemplo da crítica social nas letras de David Byrne pode ser visto em “Once in a Lifetime” do álbum “Remain in Light”, uma das músicas mais populares da banda, dona de um dos clipes mais pirados e experimentais da época e que já foi até parodiado por Caco, o sapo, dos Muppets.

A canção trata do sonho americano e do sentimento de decepção causado por ele nas pessoas que não conseguem atingir esse modelo de vida “perfeito”.

“Once in a lifetime” discute a rotina na realidade americana onde a vida das pessoas se resume a trabalhar para ganhar dinheiro, gastá-lo com uma satisfação passageira, ficar triste quando o dinheiro acaba (“Into the blue again after the money’s gone”) e recomeçar o ciclo buscando essa felicidade falsa que permite aos indivíduos aguentar a repetição. A vida da pessoa se torna algo puramente artificial, os dias passam sem que ninguém perceba, a individualidade some e as pessoas começam a ser tratadas apenas como ferramentas da sociedade. A vida se torna tão cíclica que o eu-lírico, ao parar para refletir, questiona como chegou até ali (how did I get here?).

David Byrne reforça a mensagem na composição ao buscar inspiração no gospel, dando a entender que esse ciclo é algo semelhante a um dogma que é seguido sem ser questionado. Byrne também pode estar dizendo que a religião, muitas vezes, é usada como forma de fazer as pessoas se conformarem com suas vidas medíocres, esperando que algo com maior significado seja atingido no além vida.

Recomendo muito que você, caro leitor, vá atrás da discografia do Talking Heads e descubra canções que discutem os mais variados temas, desde o fim da espécie humana - como em “(Nothing But) Flowers” - até a mente de um psicopata – como em “Psycho Killer”.

Você gosta dos Talking Heads ou está descobrindo a banda agora? Deixa um comentário aqui embaixo falando da sua experiência com o grupo.



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