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Segredos Ditos à Luz do Crepúsculo

O vento acariciava suas crinas cor-de-avelã enquanto tamboreiavam a terra com seus cascos. Seus olhos sombrios e brutos refletiam o róseo do horizonte, que era interrompido apenas pelo dourado do sol escapando por dentre as nuvens. Dentes-de-leão dançavam ao vento e grudavam em suas pelagens. Não sentiam fragrâncias, pois suas narinas apenas captavam o frio do inverno que se aproximava. Corriam em direção ao que restava de sol. Eram, como é próprio de sua natureza, livres. Distante dali, restava o cavaleiro. O homem portava uma longa barba e utilizava vestes coloridas e suntuosas que, na sociedade dos homens, indicavam uma posição de estima e respeito. Estas, no entanto, estavam gastas, desbotadas e batidas - era evidente que havia muito tempo desde a última vez em que o cavaleiro adentrara os grandes salões que reconheciam o significado dos seus trajes. Salões estes que já haviam deixado a materialidade e residiam agora apenas em memórias e delírios. Sentado aos pés da fogueir...

SANDMAN: UM PUNHADO DE AREIA E UMA HISTÓRIA SOBRE HISTÓRIAS

 


Texto retirado da biblioteca do sonhar com a permissão de Lucien.

 

Sandman é uma figura folclórica de diversos países, a ele é atribuída a função de dar bons sonhos às pessoas e, ao fazer isso, deixar remela no olho. Ele já foi retratado em diversas mídias como, por exemplo, nas músicas “Mister Sandman”, da banda The Chordettes e “Enter Sandman”, do Metallica.

Nos quadrinhos da DC Comics três personagens diferentes já usaram o nome. O primeiro Sandman criado em 1939 era um homem chamado Wesley Dodds que agia como um vigilante dos pulps. Já o segundo foi criado por Joe Simon e Jack Kirby nos anos 70 e tem um estilo mais super heroico. O terceiro é o motivo de eu estar escrevendo esse texto.

O Sandman mais recente surge na década de 80 quando a DC Comics incumbe o roteirista Neil Gaiman de reformular o personagem como bem entendesse contanto que o nome fosse mantido e é justamente isso que ele faz ao abandonar todos os conceitos já usados nas “encarnações” anteriores do personagem para criar algo completamente novo: um conto onírico sobre mudanças e histórias.

A revista conta a história de Morpheus, o senhor dos sonhos e da imaginação, que ao ser confrontado por decisões de seu passado é obrigado a encarar o dilema clássico de “mudar ou morrer”.

Sonho é uma figura muito complexa que, apesar de ser muito egoísta e fechado, aos poucos tenta se tornar um indivíduo melhor ao reencontrar antigos amores, sua família, amigos e inimigos.

A mudança comportamental do protagonista é muito bem trabalhada pelo autor, que soube mostrar sua transformação de forma orgânica, Morpheus é alguém que evita sair de sua zona de conforto e por isso sua mudança acontece de forma gradual.

No universo de Sandman todas as figuras mitológicas, folclóricas, religiosas e ficcionais nascem no sonhar e, por isso, aparecem em diversos arcos da revista. A utilização do folclore e da mitologia permite que Gaiman explore a origem das crenças; a tradição falada dos contos e religiões; e o motivo pelo qual contamos histórias.

Outro triunfo do roteiro é se permitir contar histórias tangencialmente relacionadas a Morpheus que por vezes aparece apenas como coadjuvante ou espectador de tramas envolvendo imperadores romanos, grandes poetas, musas mitológicas ou gatos que sonham com o dia em que dominarão o mundo.

Um dos pontos altos da série é sua impressionante galeria de personagens. Gaiman reinventa figuras já conhecidas pelo público - como Lúcifer que ganha uma personalidade entediada - e introduz personagens novos que lembram figuras da fantasia, mas que também têm dramas contemporâneos - como a relação disfuncional dos Perpétuos (a família de Morpheus) ou a mágoa entre o senhor dos sonhos e a bruxa Thessaly.

É difícil falar sobre Sandman como um todo, porque além de ser um dos meus quadrinhos favoritos, a história é muito grandiosa e aborda diversos temas, desde a transfobia até a relação entre pai e filho. Por isso me comprometo a abordar outros aspectos da obra com maior cuidado em futuros textos.

Recomendo Sandman não apenas para fãs de quadrinhos, mas para qualquer pessoa que aprecie boas histórias.

Ficou com vontade de explorar ou reexplorar o castelo do Lorde Moldador? Deixe um comentário sobre sua experiência com a obra se já tiver lido, ou conte se tem vontade de ler.

Bons Sonhos.

 





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Comentários

  1. Adoro Sandman. Curti muito seu texto, já estou estou esperando os próximos!

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  2. Eu já tinha ouvido falar, mas nunca li nada do Sandman! Vou procurar!!! De qualquer forma eu continuo durmindo com um olho aberto agarrado fortemente ao meu travesseiro..🤟🏼🤟🏼🤟🏼🤟🏼

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