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FLCL:VESPA, ROBÔS, BAIXO ELÉTRICO E UMA MULHER DE CABELO ROSA
No dia 26 de abril de 2000 estreava na TV Japonesa uma animação feita por gigantes do mercado: um time composto por funcionários da Gainax, da I.G Production e da Starchild Records. A história segue uma premissa comum em vários animes: o amadurecimento e o preparo para a vida adulta.
O que faz
de FLCL especial? Essa pergunta é respondida logo no primeiro episódio, quando
uma mulher de cabelos cor-de-rosa, andando em uma Vespa, acerta a cabeça de um
garoto com um baixo elétrico e, graças a isso, robôs e outros objetos começam a
emergir da testa dele que está ligada à maior fábrica da cidade, e que por
acaso, tem o formato de um ferro de passar.
FLCL é
estranho, às vezes confuso, mas sempre interessante. Seus 6 episódios de 20
minutos são cheios de referências a outras obras, experimentações visuais e
ótimos personagens.
A dinâmica central
gira em torno de Naota, um garoto cansado da monotonia em sua cidadezinha. Ele convive
diariamente com Mamimi, a namorada de seu irmão. Ela usa o garoto apenas como substituto
de seu namorado, que agora joga baseball nos Estados Unidos.
A vida de
Naota vira de ponta cabeça quando Haruko, a mulher de cabelos cor-de-rosa já
mencionada, surge na cidade. Haruko é uma alienígena que está usando a testa de
Naota para tirar objetos de dentro da fábrica, e assim liberar um pirata
espacial chamado Atomsk. Mas isso pouco importa, o verdadeiro foco da trama é o
efeito que o convívio com Haruko tem em Naota.
Haruko faz
com que Naota se torne uma pessoa independente mesmo que isso signifique se
afastar de Mamimi e da expectativa que ela depositava nele. Naota se torna dono
de si mesmo e, principalmente, aceita não estar no controle de todas as
situações, assim como o público aceita não entender todos os aspectos da trama.
Dessa maneira, FLCL consegue de forma metalinguística fazer o espectador passar
pelo mesmo ciclo de aprendizado que o protagonista.
Como em
qualquer obra de arte, é impossível desassociar FLCL do cenário em que ele está
inserido. No caso da obra em análise estamos falando da cultura dos animes,
mais especificamente a cultura dos animes no início dos anos 2000.
Essa é uma
cultura bastante problemática, pois, apesar de o meio ser responsável por
diversas obras incríveis que discorrem sobre os mais diversos temas, o público tende
a preferir séries cheias de clichês que não trazem nada de novo para essa
mídia. Talvez isso seja um problema comum ao entretenimento em geral (mais
sobre isso em um futuro texto), mas é uma característica extremamente perceptível
dos animes.
FLCL quebra
com as expectativas do público ao subverter os clichês da mídia: a história de amadurecimento não é sobre se
tornar forte ou poderoso, mas sobre entender seu lugar no mundo. As personagens
femininas não giram ao redor do protagonista e, assim como ele, apresentam um
desenvolvimento emocional. Mamimi, por exemplo, abandona a ideia de seu
namorado idealizado e para de manipular Naota emocionalmente, já Haruko passa a
respeitar o protagonista. Outra quebra de clichês interessante é a opção do
roteiro por não utilizar algum adulto como figura exemplar para o personagem
principal, pelo contrário, na trama os adultos servem como exemplo do que não
se tornar.
A
experimentação visual complementa a narrativa ao representar uma quebra com as
tradições dos animes, misturando animação 2D e 3D, tendo uma sequência inteira
em forma de mangá e mudando constantemente o estilo visual da obra.
FLCL é
acima de tudo sobre desafiar o status quo dentro e fora da história, por
isso a obra se recusa a utilizar de técnicas de narrativa comuns, optando pela
quebra de padrões tão necessária em uma indústria cada vez mais marcada pelo
comum, seguro e usual.
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Comentários
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ficou otimo! deu vontade de ver agora o anime.
ResponderExcluirNão assisti ao anime, mas curti muito seu texto!
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