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TÔ VENDO VOCÊS! O TRIUNFO DO HOMEM-ANIMAL
Depois de
reformular seu universo na Crise nas Infinitas Terras em 1985, a DC comics resolveu dar
uma nova chance para personagens menores e esquecidos, alguns desses personagens foram entregues para escritores britânicos iniciantes no
mercado americano. A estratégia deu certo, Neil Gaiman criou sua versão do
Sandman e a usou para falar de mitologia, mudança e vida de forma
paradoxalmente onírica e realista, Alan Moore desconstruiu os super heróis em
Watchmen, Grant Morrison por sua vez escolheu o Homem-Animal para sua estreia
na editora das lendas.
Primeiro
vamos tratar do elefante na sala, O Homem-Animal era um personagem terrível,
ele não tinha nenhuma história memorável, seu poder de absorver as
habilidades de animais próximos é extremamente situacional e nem mesmo seu uniforme era chamativo, era só mais um personagem esquecível da era de
prata. Morrison aproveita do histórico do personagem pra começar sua run com um
Homem-Animal aposentado da vida de herói, vivendo apenas sua vida civil como Buddy Baker,
casado e com filhos morando numa casa de subúrbio americana, ele resolve dar
uma última chance ao ramo de heroísmo e logo de cara se envolve em uma trama
envolvendo uma indústria farmacêutica que faz testes em animais, a partir daí as aventuras do personagem passam a
tratar de causas animais e ecologia com bastante frequência: o Homem-Animal vira
vegetariano, enfrenta pesca ilegal e até se envolve com grupos ilegais que lutam pela defesa dos animais.
Mas apesar do
aspecto político da revista ser muito interessante, o aspecto revolucionário do roteiro é o uso da metalinguagem, que é introduzida na
história “O Evangelho Segundo o Coiote”. Na trama uma figura extremamente
semelhante ao coiote dos Looney Tunes se rebela contra o ciclo de violência perpétuo de sua realidade cartunesca, como punição ele é enviado por Deus(que na história é claramente o
desenhista) para o mundo dos super heróis onde ele é submetido a um ciclo
eterno de mortes para livrar os outros animais dessa sina, mas como o universo dos super heróis é mais realista, os acidentes semelhantes aos vistos em desenhos, como atropelamento ou ser esmagado por uma pedra, são extremamente dolorosos . A história consegue fazer do coiote uma figura messiânica e trágica,
semelhante a Prometeu, Sísifo e Cristo, para discutir as diferentes maneiras de representar a violência de acordo com o gênero de uma obra, podendo causar riso ou pena, mas sempre resultando em entretenimento.
Conforme as
edições passam a metalinguagem se torna gradativamente mais presente, em um momento Buddy consegue ver o leitor do outro lado da página e um dos arcos é consequência de um personagem questionar a necessidade de reformular o universo. A história atinge seu clímax quando o herói decide vingar a morte de sua família e dá de cara com o arquiteto de todos os percalços e desafios de sua vida: um jovem escocês apaixonado por quadrinhos chamado Grant Morrison.
A última
edição finaliza o run com Buddy confrontando seu roteirista e o culpando por todo o sofrimento presente em sua vida, questionando o uso de violência extrema para causar choque no público. Morrison também discorre sobre a volatidade dos heróis de Hqs americanas, que estão em constante mudança por causa das trocas de equipes criativas.
O uso da
quebra da quarta parede, que atualmente é usado por muitos roteirista como um recurso estritamente cômico, aqui é usado para questionar o leitor e fazê-lo
refletir sobre o próprio ato de consumir revistas de heróis e apreciar sequências
extravagantes de luta.
Homem-Animal
é uma obra clássica, que é brilhante em seus questionamentos e uso de recursos
como a metalinguagem, a recomendo para qualquer leitor de quadrinhos procurando
algo diferente, e é um ótimo ponto de partida para ler histórias do Grant
Morrison.
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Comentários
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Esse tem futuro com escrito hein!
ResponderExcluirValeu!
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