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Destaques

Segredos Ditos à Luz do Crepúsculo

O vento acariciava suas crinas cor-de-avelã enquanto tamboreiavam a terra com seus cascos. Seus olhos sombrios e brutos refletiam o róseo do horizonte, que era interrompido apenas pelo dourado do sol escapando por dentre as nuvens. Dentes-de-leão dançavam ao vento e grudavam em suas pelagens. Não sentiam fragrâncias, pois suas narinas apenas captavam o frio do inverno que se aproximava. Corriam em direção ao que restava de sol. Eram, como é próprio de sua natureza, livres. Distante dali, restava o cavaleiro. O homem portava uma longa barba e utilizava vestes coloridas e suntuosas que, na sociedade dos homens, indicavam uma posição de estima e respeito. Estas, no entanto, estavam gastas, desbotadas e batidas - era evidente que havia muito tempo desde a última vez em que o cavaleiro adentrara os grandes salões que reconheciam o significado dos seus trajes. Salões estes que já haviam deixado a materialidade e residiam agora apenas em memórias e delírios. Sentado aos pés da fogueir...

RENASCENÇA MUTANTE

 



Quando a Marvel anunciou que o roteirista Jonathan Hickman iria comandar uma nova fase dos X-Men ela prometeu abalar todas as estruturas do universo mutante. Até aí, um monte de histórias são vendidas dessa forma e depois de no máximo 2 anos tudo que introduziram é revertido ou deixa de ser relevante.

O que realmente impressiona é que dessa vez não houve exagero, as novidades promovidas nas histórias mudam a dinâmica de todos os títulos X na editora. Agora todos os mutantes habitam a ilha viva de Krakoa, que tem sua soberania nacional reconhecida graças ao desenvolvimento de remédios milagrosos produzidos somente com flores da flora local . As rivalidades entre mutantes estão quase extintas graças a união de Magneto e Xavier que guiam a espécie mutante com um novo posicionamento resultante da mistura das visões de mundo da dupla. Nem mesmo o Apocalipse é tratado como vilão e com isso os Homo superior conseguiram acabar com suas divergências e finalmente têm a oportunidade de se desenvolver como sociedade própria.

Krakoa tem uma cultura única, seu idioma (desenvolvido pelo Libra, que nunca teve seus poderes explorados de maneira tão eficaz) tem até um alfabeto próprio. A população vive em harmonia com a natureza, o governo é feito por um conselho formado por diferentes casas e a mais importante alteração faz da morte uma ideia irrelevante, porque Krakoa tem um sistema de clonagem de corpos e backups das mentes de todos os mutantes existentes, permitindo a frequente ressurreição dos personagens, impactando diretamente a dinâmica das histórias, que não podem depender do risco de morte deles.

Outro aspecto inovador na trama das minisséries que introduzem essa fase  é um retcon muito bem executado. A doutora Moira McTaggert é agora uma mutante, e sua habilidade reinicia sua vida sempre que ela chega ao fim. As inúmeras vidas de Moira fazem-na entender que a única maneira dos mutantes prosperarem é na união que define o novo status quo das revistas.

É interessante pontuar que, apesar de o roteiro introduzir diversas coisas novas, ele também usa conceitos conhecidos pelo público como a nação mutante que já foi desenvolvida em Genosha ou a união entre Magneto e os X-Men, que acontece com alguma frequência. A inovação está em utilizar desses elementos para expandir e transformar a mitologia mutante.

Outro aspecto excelente das minisséries é a arte. Pepe Larraz e R.B. Silva estão entre meus artistas favoritos a passar pelos títulos X. A colorização e narrativa usam muito bem o impacto visual de ter um monte de heróis agindo juntos sem tornar os desenhos confusos. Confesso que sinto falta de ver a arte deles nas revistas mensais e estou ansioso pela volta dos dois artistas.

Os títulos mensais tem diferentes equipes criativas e por isso variam um pouco em questão de qualidade, vale a pena destacar os seguintes:

X-Men: Continua na mão do Hickman, e apesar de o ritmo e o número de novidades terem diminuído, o roteiro continua desenvolvendo muito bem as ideias  apresentadas e também introduz outras ótimas, como por exemplo a equipe de idosas que deu porrada no Ciclope.

Novos Mutantes:  Com sua atmosfera leve e divertida, a revista consegue até mesmo me fazer gostar de histórias cósmicas com os mutantes, que normalmente não me agradam muito. A arte pelo Rod Reis é bela e marcante.



Carrascos: Equipe liderada pela Kitty Pryde (uma das minhas personagens favoritas na Marvel) é responsável por resgatar mutantes que não conseguem acessar Krakoa. Achei a proposta bem interessante, gostei de ver a Kitty em uma posição de liderança e assumindo o posto de rainha vermelha do Clube do Inferno.  

X-Force: As tramas desenvolvidas tiveram consequências nos outros títulos e a arte complementa muito bem o clima mais sério das aventuras da equipe.

Espero que a Marvel realmente tenha coragem de manter as mudanças, pois elas têm potencial para gerar muitas histórias que podem permitir a evolução dos personagens, evitando a estagnação cada vez mais presente nos quadrinhos de heróis.

 Recomendo fortemente a leitura e não poderia terminar esse texto sem mencionar o trabalho editorial e de design gráfico das revistas, que é muito bem feito e foi mantido nas edições nacionais.




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