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Segredos Ditos à Luz do Crepúsculo

O vento acariciava suas crinas cor-de-avelã enquanto tamboreiavam a terra com seus cascos. Seus olhos sombrios e brutos refletiam o róseo do horizonte, que era interrompido apenas pelo dourado do sol escapando por dentre as nuvens. Dentes-de-leão dançavam ao vento e grudavam em suas pelagens. Não sentiam fragrâncias, pois suas narinas apenas captavam o frio do inverno que se aproximava. Corriam em direção ao que restava de sol. Eram, como é próprio de sua natureza, livres. Distante dali, restava o cavaleiro. O homem portava uma longa barba e utilizava vestes coloridas e suntuosas que, na sociedade dos homens, indicavam uma posição de estima e respeito. Estas, no entanto, estavam gastas, desbotadas e batidas - era evidente que havia muito tempo desde a última vez em que o cavaleiro adentrara os grandes salões que reconheciam o significado dos seus trajes. Salões estes que já haviam deixado a materialidade e residiam agora apenas em memórias e delírios. Sentado aos pés da fogueir...

OS ERROS CONCEITUAIS de ZACK SNYDER OU UMA CARTA DE AMOR À SIMPLICIDADE DO SUPER-HOMEM


O Snyder Cut lança essa semana! E eu não poderia ter menos vontade de assistir a esse filme. Por quê? Pois as adaptações de quadrinhos feitas pelo Zack Snyder têm problemas de roteiro, ritmo e especialmente conceituais. O diretor rompe com as mensagens mais básicas dos personagens em uma tentativa de ressignificar essas figuras tornando-as mais “realistas” e apostando em metáforas pretenciosas e fracas.

O maior exemplo dessas mudanças conceituais é o Superman. Nos filmes do diretor o personagem é comparado com um Deus inalcançável usando de metáforas visuais tão sutis quanto um tapa na cara. Essa busca por um sentido complexo por trás das ações de Clark Kent demonstra uma certa vergonha do material-fonte por parte do roteiro e elimina a principal característica do Super: sua bondade.

O aspecto mais interessante do personagem de Jerry Siegel e Joe Shuster é sua simplicidade. Não existem grandes motivos por trás das ações do Super-Homem, ele apenas faz o que faz porque considera isso certo e tem um senso de dever por sua capacidade de proteger os mais fracos. Kal-El não se sente em dívida com a raça humana por ter sido acolhido quando criança, ele se vê como parte da humanidade e está apenas tentando fazer do nosso mundo um lugar melhor.

Para alguns pode parecer simplista demais dizer que o herói age apenas porque é o correto a se fazer, mas essa simplicidade contribui para fazer do Super um símbolo de esperança e compaixão. Não é bonito pensar que um dos seres mais poderosos do universo se contenta com um emprego comum, tem como interesse amoroso uma colega de profissão, dá tudo de si para proteger pessoas que ele nunca viu e não se considera melhor que ninguém? O Superman é acima de tudo um exemplo do que podemos ser, ele nos inspira a tentar mudar o mundo eliminando suas desigualdades e injustiças sem esperar nada em troca.

Uma ótima análise do Super-Homem como ideia pode ser vista em Super Deuses de Grant Morrison onde o autor encara o personagem como uma resposta humanista à mecanização radical que causava tanto desemprego no final dos anos 30. O homem de aço era essencialmente um símbolo da força do homem comum enfrentando as dificuldades do homem comum e as injustiças sociais. Vale lembrar que seu maior inimigo é um grande capitalista que teme ter seu lugar tomado por um imigrante.

Clark Kent não é super por causa da sua força ou habilidade de voo, mas por causa de seu caráter, virtudes, incorruptibilidade e habilidade de ver o melhor das pessoas. Kal-El não é Deus, ele é uma pessoa que enfrenta um assediador, é um padre que destrói arquitetura hostil à marretadas, é a pessoa que resgata animais carentes, é o médico da cruz vermelha, é a mãe solteira e essencialmente qualquer pessoa que se opõe às injustiças e tenta tornar a vida dos outros um pouco melhor.

Se no dia 18 você quiser consumir alguma obra envolvendo o Superman, não assista o Snyder Cut, assista os filmes do Richard Donner, leia Grandes Astros Superman, O Que Aconteceu ao Homem de Aço, Para o Homem que Tem Tudo, a fase de John Byrne ou outra das tantas histórias que conseguem capturar a essência do personagem.  




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